
A rua estava deserta e ele não conseguia mais encontrar o rumo de casa. Andou por algum tempo, e percebeu que havia se afastado bastante da sua rota, pois verificou que estava numa ponte sobre o rio que separa a sua cidade da cidade vizinha. Era preciso encontrar o caminho de volta. Mas como, sem o auxílio da visão?
Começou a tatear com sua bengala, quando uma voz trêmula de mulher lhe indagou:
- O senhor está encontrando alguma dificuldade?
- Acho que me perdi, respondeu o rapaz.
- Foi o que pensei, comentou a mulher.
- Quer que o acompanhe a algum lugar?
O rapaz lhe deu o endereço e ela, oferecendo-lhe o braço, o conduziu até à porta de casa.
- Não sei como lhe agradecer, falou o moço.
- Eu é que lhe devo um sincero agradecimento, respondeu ela, já
com voz firme.

- Não compreendo, retrucou o rapaz.
E a jovem senhora então explicou: - Há uma semana meu marido me abandonou. Eu estava naquela ponte para me suicidar, pois geralmente àquela hora está deserta. Aí encontrei o senhor tateando sem rumo e mudei de idéia.
A mulher disse boa noite, agradeceu mais uma vez, e desapareceu na rua deserta.
Também, em nossas vidas, talvez tenhamos passado por experiências semelhantes à das personagens dessa história. Quantas vezes já não sentimos vontade de sumir, de pôr um fim ao sofrimento que nos visita e um braço amigo nos sustentou antes da queda, ou, quiçá, já tenhamos nos sentido perdido, sem rumo, sem esperança, e uma voz se fez ouvir e nos indicou uma saída. Quem já não se sentiu numa situação assim, vivendo ora como o socorro que chega, ora como o socorrido?
Tudo isso nos dá a certeza de que nunca estamos sós. Alguém invisível vela por nós e nos oferece um braço amigo nas horas de desespero. Ou, então, inspira-nos a oferecer nosso apoio a alguém que está à beira do abismo.
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